domingo, 18 de outubro de 2009

MIGRANTES



Irmão do campo, iludido
Por esperança, ambição
Com falsas promessas
É arrancado do rincão

Deixa o seio da querência
Terra, campo, a liberdade
Invertida pela promessa
Do viver melhor na cidade

Troca fome por corrente
A ilusão de fartura
Na grande capital doente
É doença que não tem cura

Acorda do que sonhou
Puxando carroça, catando latinha
Vivendo abaixo da linha
Da pobreza que deixou

Começa sonhar com o torrão
Em voltar para sua cidade
Por que lá sua pobreza
Tinha gosto de liberdade

Mas os grilhões da metrópole
São perpétuos, fatais
Qual pássaro trancafiado
Não será solto jamais
(Ricardo Porto)

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