Se formos um dos antiquados que ainda lêem aqueles ultrapassados maços de papel que insistem em se chamar jornal impresso, veremos que as opções de leitura não vão muito além das políticas e criminalidades, com suas variantes e mixagens.
A vida real não anda lá essas coisas. A literatura, o imaginário, a ficção, ainda são as maneiras mais sadias de viajar nos sonhos do ser humano. Mas, nestes tempos virtuais, o bolo da poesia parece estar em falta de algumas fatias.
A fatia do romantismo que os tempos modernos estão usurpando das pessoas está na cara: Cartas em envelopes? Nem pensar; tudo por e-mail. Conversas ao pé do fogo? Já era; é só Chat, Blog, Orkut, Twitter, e outros lances virtuais. Olho no olho, só se tiver Webcan. Namoros, noivados, casamentos, e até sexo; tudo pela Internet.
O mundo agora é visto, e vivido, pelas Windows de um PC em Higt-Definition. Hoje já não importa onde você mora, o que vale é seu Endereço Eletrônico. Se sua máquina não for Pentium D e não tiver quatro Gigas, você está fora do mundo. Se você cair na besteira de dizer que ainda não tem Banda Larga, será considerado um alienado.
Hoje, a Microsoft nos dá o poder de viajar com a velocidade do pensamento para qualquer Sitio do mundo. Nós, reles mortais, nos sentimos deuses ao pressionar a tecla Enter de um instrumento que nos transporta para um mundo além das fronteiras da imaginação. Com um simples movimento de um Rato, podemos fazer coisas que nossos antepassados jamais ousariam sonhar.
E os escritores, então? Cadê as pilhas de papéis, os rascunhos com mil histórias iniciadas? As estantes com livros de pesquisas, as canetas Bic e os lápis sem ponta? E as máquinas de escrever, será que algum ainda usa?
No tempo que as velhas Olivettis eram suas parceiras nas madrugadas em que deixavam aflorar a arte das letras, a poesia era quase uma constante nos seus textos. Hoje, a frieza da tecnologia parece que não permite que o autor repense muito nas palavras. Se parece bom, Ctrl+B, senão... Del.
Mas não precisa ser só assim. Com um simples click na Power podemos voltar ao mundo real. E, se possível, escrever uma história num caderno brochura, enquanto passam os minutos no banheiro.
BILL* é o GATES, o que jogou o PC no nosso colo.
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(Ricardo Porto)